segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Previdência privada cresce 30% este ano

Bruno Rosa
Com um crescimento de quase 30% na captação este ano, a previdência privada avança ao mesmo tempo em que aumentam as dúvidas de quem contribui mensalmente.
Afinal, quanto custa ter uma aposentadoria tranqüila? Para especialistas, o ideal é começar o quanto antes e escolher os tipos de plano e tributação mais adequados.
Segundo as empresas do setor, os brasileiros vêm aumentando o valor de sua contribuição mensal numa média de 20% ao ano. O maior interesse ainda envolve planos que oferecem uma maior rentabilidade anual.
Quanto mais tarde a entrada num fundo, mais caras ficam as contribuições. Cálculos feitos pela seguradora Mongeral mostram que uma pessoa com 45 anos precisa aplicar R$ 1.222,02 por mês para receber aposentadoria vitalícia de R$ 5 mil a partir dos 65 anos.
Já quem começa aos 15 anos terá que desembolsar o valor de R$ 75,55 por mês.
Quem planeja receber mil reais e começar aos 45 anos, deve destinar R$ 244,40 ao mês; para os que ainda têm 50 anos de contribuição pela frente, ou seja, quem tem 15 anos, o valor cai para R$ 15,11. De acordo com especialistas do segmento, a aplicação mensal ideal fica de 8% a 12% de seus rendimentos.
APLICAÇÃO — Ao fazer seu plano de previdência privada, o engenheiro Antônio Carlos Ribeiro só tinha uma certeza: aposentar-se aos 65 anos. Hoje com 57 anos, ele começou a contribuir quando tinha 48. Apesar de estar acima da média, pois a maioria das pessoas contrata planos aos 39 anos, o engenheiro pretende aumentar as contribuições para garantir um melhor complemento no futuro.
“Quero investir na minha previdência, mas não sei se aumento o atual valor de contribuição. Tenho pouco tempo até me aposentar, mas as dúvidas são muitas, como escolher a melhor forma de tributação e começar a aplicar em renda variável a esta altura do campeonato e correr mais riscos”.
Há no mercado dois tipos de plano: o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), indicado para quem é isento do Imposto de Renda (IR), ou o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), para quem declara IR no formulário completo. E dois modelos de tributação: a tabela regressiva, em que a alíquota vai baixando, ideal para quem pretender manter a aplicação por mais de dez anos, ou a progressiva, indicada para quem pretende fazer saques a curto prazo.
“O horizonte deve ser de, no mínimo, cinco anos de aplicação. É necessário ter em mente que é preciso cortar no presente para gastar no futuro”, diz o especialista André Laponi.
Na lista de decisões a tomar há ainda a composição da carteira de investimentos do fundo de previdência, se com ou sem renda variável.
Hoje, o cliente pode optar por três produtos: os mais conservadores, que destinam até 15% da aplicação a ações; os intermediários, que destinam até 35%; e os mais agressivos, cujo limite é 49%.
No Unibanco, os planos com renda variável cresceram 246% este ano em relação a 2006. No Icatu Hartford, o crescimento também é percebido.
“O brasileiro vai aos poucos entendendo melhor a previdência.
Quem começar aos 55 anos não pode achar que está tarde, pois a expectativa de vida no País só aumenta”, diz Luciano Snel, diretor de produtos do Icatu Hartford.
AJUSTE — Na BrasilPrev, 47% dos clientes têm entre 31 e 50 anos. A contribuição mensal, que aumenta a cada ano, oscila entre R$ 90,40 e R$ 234,90. Para José Guimarães, diretor de produtos da empresa, é essencial criar serviços com maiores ganhos.
“Desenvolvemos o ‘Ciclo de vida’.
O produto começa com forte aplicação em ações, que têm maior retorno, e, ao longo dos anos, o risco vai dando lugar à renda fixa, mais conservadora. O cliente não se preocupa em alterar o produto.
Nós fazemos isso, pois 83% dos brasileiros não conhecem o mercado financeiro”.

Agência O Globo

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