terça-feira, 18 de março de 2008

Trabalhadores tiveram aumento real em 88% das negociações salariais de 2007

Segundo Dieese, resultado é o melhor da série histórica iniciada em 1996
De 715 negociações salariais analisadas pelo Dieese em 2007, 88% garantiram reajuste real (acima da inflação) aos trabalhadores, contra 86% em 2006. Foi o melhor resultado da série histórica do órgão, iniciada em 1996, além de completar um período de quatro anos consecutivos de recuperação do poder de compra dos salários. Considerando também os acordos que terminaram com pelo menos a reposição da inflação desde a última data-base, o percentual vai a 96%, um ponto percentual a menos do que em 2006.

O Dieese usou o INPC, do IBGE, para fazer as comparações. Dos 715 documentos assinados entre empresas e sindicatos, 47% são da indústria, 39% do setor de serviços e 14% do comércio. Para os técnicos do órgão, esses resultados refletem "um ambiente propício à negociação coletiva", marcado pela estabilidade da inflação, o crescimento econômica e a queda das taxas de desemprego.

Em 60% dos casos, ganho real ficou acima de 1%

Mas a pesquisa também apontou para uma retração na magnitude dos ganhos reais embolsados pelos trabalhadores. Em 2006, 70% dos reajustes apresentaram variação superior a 1%; no ano passado, representaram cerca de 60%. Foi significativa também a queda na proporção de reajustes superiores a 3%: de 14%, em 2006, para 6%, no ano passado.

Os trabalhadores no setor industrial continuaram a ter os melhores índices de aumento salarial. Se, em 2006, menos de 90% das negociações analisadas nesse setor conquistaram reajustes superiores ao INPC, em 2007 essa proporção subiu para 94%. Entre os trabalhadores de estabelecimentos comerciais, 85% das negociações terminaram com ganhos reais (contra 91% em 2006), enquanto no setor de serviços esse percentual foi de 81%.

Entre as formas de pagamento dos reajustes negociados, continuaram a prevalecer pagamentos em apenas uma parcela (97%). Para o Dieese, isso acontece devido aos "baixos patamares inflacionários dos últimos anos". Somente em 3% dos casos houve o fracionamento da concessão do reajuste, geralmente em duas parcelas.

Aumenta o percentual de reajustes acima do INPC

O Dieese mediu também uma possível relação entre a variação da inflação, o desempenho do PIB e o resultado das negociações. Pelos dados, uma vez que o INPC acumulado tem caído, cresce a proporção de negociações com reajustes iguais ou superiores a esse índice. Entre 2003 e 2004, por exemplo, o INPC médio caiu de 17,4% para 6,6%, enquanto o percentual de reajustes iguais ou acima desse índice saltou de 42% para 81%. Em 2006 e 2007, com inflação média acumulada inferior a 4%, quase a totalidade das negociações terminou com ganhos reais para os trabalhadores.

A mesma relação não foi encontrada quando se considera o crescimento do PIB. Menos de 3% dos aumentos reais registrados em 2007 equivaleram ou superaram a taxa de variação do PIB em 2006 (de 3,8%). Para o Dieese, os bons resultados da economia "ainda não foram incorporados aos salários dos trabalhadores".

- É neste momento que se deve pautar a necessidade de repartição dos ganhos de produtividade - diz o órgão.

O Globo

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