quinta-feira, 26 de julho de 2007

Acordo garante salário integral para grevistas

Mariana Flores
Servidores conseguem negociar volta ao trabalho sem desconto dos dias parados e com devolução de valores retidos anteriormente
Ministérios e órgãos federais negociam o corte de ponto dos grevistas e vão contra a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de descontar os dias parados nos contracheques. Há pouco mais de dois meses, Lula mandou suspender o pagamento dos salários e disse que greve remunerada é férias. Na prática, no entanto, os trabalhadores estão conseguindo manter o pagamento dos salários mesmo tendo passado até 70 dias de braços cruzados. Algumas categorias negociaram ainda a devolução de valores descontados anteriormente. De contrapartida, o funcionalismo promete voltar ao trabalho e repor serviços prejudicados caso o salário seja pago integralmente na próxima semana.
Ontem os funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgaram o termo de compromisso fechado com o órgão e o Ministério do Meio Ambiente. Segundo o documento, o governo não poderá retirar dos salários os dias parados em junho e julho e deverá ainda restituir integralmente os valores descontados em maio. Os trabalhadores ficaram sem trabalhar de 14 de maio até 17 de julho lutando contra a Medida Provisória nº 366, que reestrutura o Ibama. Para receber salários integrais pelo período de 65 dias, os servidores se comprometeram a não fazer novos protestos contra a MP.
Um termo semelhante também foi negociado com os funcionários do Ministério da Cultura e de seus órgãos. O governo se comprometeu a não suspender o pagamento referente aos 71 dias parados e em troca eles voltam a trabalhar. Assembléias estão sendo realizadas em todo o país para chegar a uma posição sobre a proposta. No Distrito Federal, a decisão foi pela volta ao trabalho. A expectativa do comando de greve é obter uma posição geral positiva em todo o país e colocar fim à paralisação nos próximos dias. “As pessoas estão pressionadas pelo desconto de salário”, justifica uma das representantes da categoria Zulmira Pope. Os funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tentam fechar hoje uma negociação semelhante, que evite a suspensão do pagamento dos 66 dias em que não trabalharam.
Outras classes de grevistas sequer receberam a promessa de corte de pontos. Participando de um protesto de mais de 40 dias, os servidores da carreira de Ciência e Tecnologia não foram ameaçados, segundo representantes da categoria. Assim como os técnicos das universidades federais, que apesar de estarem sem trabalhar desde 28 de maio continuam recebendo os salários normalmente, segundo informações da Federação de Sindicatos de Trabalhadores de Universidades Brasileiras (Fasubra). Ontem a categoria iniciou uma manifestação na Esplanada dos Ministérios que deverá continuar hoje.

Fonte: Correio Braziliense

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