quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Greve de fiscais começa a afetar as exportações

MARCO ANTÔNIO GEHLEN
A greve dos fiscais federais agropecuários já começou a impactar nas atividades das agroindústrias e da produção rural de Mato Grosso do Sul. Com a paralisação de até 70% dos trabalhos da categoria – representada no Estado por 126 fiscais – a emissão dos atestados de trânsito para escoamento da produção nos 35 frigoríficos com Serviço de Inspeção Federal (SIF) está reduzida e as certificações de embarques para exportação estão suspensas.
Nos próximos dias, frigoríficos e abatedouros exportadores devem anunciar a redução da produção para readequar as plantas às limitações decorrentes das greves dos fiscais. Na prática, a retração na produção deve atingir toda a cadeia, inclusive, os produtores rurais, com maior impacto sobre alguns criadores de aves, por exemplo, que não poderão entregar os frangos às indústrias, nem alojar novos lotes, até que os trabalhos sejam retomados na totalidade.
A balança comercial de Mato Grosso do Sul é caracterizada pela elevada representatividade das exportações do agronegócio, o que agrava a situação do setor agroindustrial diante de eventuais suspensões nas vendas ao exterior, como as ocorridas diante dos embargos de febre aftosa, por exemplo. Desde 19 de julho, no entanto, data que marcou o início da greve dos fiscais federais agropecuários, os embarques estão paralisados devido à suspensão das certificações realizadas pelos fiscais.
Segundo Paulo Muniz, proprietário da indústria de aves Frango Vit, instalada em Campo Grande, o impacto da paralisação dos fiscais é sentido por todas as empresas que exportam produtos agropecuários, uma vez que há forte represamento da produção diante da não emissão dos documentos necessários. "As indústrias são obrigadas a produzir menos, causando uma série de dificuldades que atinge toda a cadeia produtiva, inclusive os produtores", destacou.
Para o empresário, a reivindicação dos fiscais agropecuários é autêntica e falta compreensão por parte do Governo federal de quem são os reais prejudicados com a situação. "Os fiscais estão lutando por algo já negociado no passado, enquanto o Governo não tem assumido o compromisso de representar adequadamente o setor agropecuário tão representativo nas exportações", frisou.
Paulo Muniz revela que a Frango Vit deve reduzir, na próxima semana, a produção que era direcionada para exportações. "Vamos ter que explicar aos nossos clientes internacionais que o Governo não quer que trabalhemos. Ele está atuando na contramão do crescimento do setor", criticou.
Além dos reflexos econômicos, Muniz ressalta que o maior impacto negativo do impasse são os danos à imagem do Brasil no exterior: "ora queremos ser um país grande exportador do agronegócio mundial, ora o Governo perde a oportunidade de sinalizar sinergia entre poder público e a área de sanidade animal", disse, ao avaliar como "lamentável" a postura do Governo de não entrar em acordo com a categoria.
Fonte: Correio do Estado

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