sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Servidor pressiona

Mariana Flores
Funcionários de diversos setores fazem manifestações e ameaçam parar na tentativa de garantir recursos para reajustes na proposta de orçamento. Negociação com categorias em greve não avança
Após trégua de algumas semanas, o governo volta a enfrentar a pressão do funcionalismo por reajustes salariais. Os servidores voltaram a ameaçar o Planalto com greves, na tentativa de garantir que as reivindicações entrem no projeto do orçamento que deve ser enviado para o Congresso Nacional até o fim deste mês. Os funcionários do Ministério da Cultura, que haviam encerrado a paralisação de 70 dias há quase um mês para evitar o corte de ponto, cruzaram os braços nesta semana. Os fiscais agropecuários decidem hoje se param novamente as atividades, 20 dias depois de terem finalizado o último protesto.
Os trabalhadores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) estão em estado permanente de greve e em uma assembléia realizada ontem marcaram outro encontro para a próxima quarta-feira. Os funcionários dos Correios realizaram operação-padrão durante todo o dia ontem. A carreira de ciência e tecnologia fez manifestação e nas universidades o clima é de expectativa. Os técnicos administrativos mantêm paralisação desde 28 de maio e os docentes decidem amanhã se engrossam o manifesto nas instituições federais.
Na Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, responsável pelas negociações, as reuniões avançaram até a noite. Mas os servidores estão resistentes. Das sete categorias em greve ou ameaçando parar, quatro já receberam propostas do Executivo, mas relutam em aceitar (veja quadro). Os técnicos administrativos das universidades têm garantido reajustes que vão de 19,7% a 89,8%, mas mantêm a greve que já dura quase três meses. Por causa do movimento, as aulas da Universidade de Brasília (UnB) e de pelo menos outras duas instituições federais estão comprometidas. Na UnB, o semestre letivo deveria ter começado no dia 6 de agosto, mas cerca de 20 mil alunos permanecem sem aula. Hoje a universidade divulga as datas para iniciar o registro dos calouros, mas ainda não há previsão de quando serão feitas as matrículas.
Os técnicos administrativos tentam avançar na proposta feita para os profissionais com os menores salários, a carreira de auxiliar, que exige apenas o nível fundamental. Segundo a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), o governo não prevê um reajuste para esses trabalhadores, somente uma complementação do piso salarial para que passe de R$ 701 para R$ 988, o que comprometeria futuros reajustes, segundo o coordenador Fasubra, João Paulo Ribeiro. Hoje a categoria deve analisar uma nova oferta apresentada pelo governo.
Amanhã docentes de todo o país definem se entram em greve para pressionar o governo. Em reunião ontem à noite, representantes do Planejamento e do Ministério da Educação não fizeram proposta e agendaram um novo encontro para o dia 13 de setembro. Os professores reivindicam reajustes salariais que vão de 4% a 178%, dependendo do nível de escolaridade e da carga horária de trabalho. “Acho que se não pressionarmos não sai nada”, afirma o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo. Os professores da UnB já aprovaram um indicativo de paralisação. “Greves dos funcionários e dos professores na mesma época evidenciam os problemas sérios que as universidades brasileiras enfrentam. Faltam salários, profissionais e infra-estrutura”, afirma a vice-presidente da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), Graciela Doz.
Os funcionários do Ministério da Cultura e de seus órgãos também se reúnem hoje para avaliar a proposta apresentada ontem pelo Planejamento. O ministério melhorou a oferta feita anteriormente e propôs uma tabela que eleva o salário final da categoria de R$ 3,5 mil para R$ 5,3 mil até 2010. Os trabalhadores cobram que o aumento seja dado em 2008. Já os fiscais agropecuários decidem hoje se vão colocar fim à trégua dada para o governo e retornar à greve.

Fonte: Correio Braziliense

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