quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Renda do brasileiro cresceu US$ 77 em um ano

O Brasil ainda depende muito do aumento da renda para subir no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos brasileiros passou de US$ 8.195 (em dólar Paridade do Poder de Compra) para US$ 8.402. Desse valor, US$ 130 se devem a uma revisão da renda brasileira feita pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Mesmo assim, a renda do brasileiro cresceu US$ 77 em um ano.
Os programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família - e suas variantes estaduais -, são apontados sempre pela ONU como as principais causas desse aumento na renda do brasileiro e da diminuição das diferenças entre ricos e pobres. “Nos últimos três ou quatro anos, houve uma grande e encorajadora redução na pobreza no Brasil. Em grande parte, explicada pela redistribuição de renda em favor dos mais pobres”, diz Kevin Watkins, coordenador do relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “É, ainda, um dos sete mais desiguais do mundo, mas o País tem dado passos importantes na direção certa.”
O pesquisador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Neri, diz que são “ inegáveis” os avanços registrados no combate à desigualdade. Para ele, o Brasil viveu, nos primeiros anos desta década, um “crescimento chinês”, restrito à porção mais pobre da população. Nos últimos dois anos tal fenômeno se expandiu. “Agora, vemos o crescimento chinês para todos”, assegura. Na sua avaliação, essa mudança pode ser atribuída a políticas adotadas pelo governo. “Na primeira fase - a do crescimento restrito aos pobres -, o avanço se deu principalmente pelos programas de transferência de renda. Nesta etapa mais recente, à valorização do salário mínimo e da ampliação do mercado de trabalho.” Os últimos estudos sobre renda no País apontam justamente a política de valorização do salário mínimo como um dos fatores recentes de incremento da renda brasileira.
Apesar da renda, o Brasil ainda tem, de acordo com o relatório do IDH, 9,7% da sua população dentro do que a ONU considera pobreza humana. “A pobreza humana não é apenas a falta de renda. É a falta de saúde, de educação, a baixa expectativa de vida”, define Flávio Comin, especialista em desenvolvimento humano e assessor especial do Pnud. “A renda nem sempre é o meio mais eficaz de medir a pobreza. Tanto que no relatório ela entra de forma relativa, com a medida de poder de compra.”
Entre os 29 países em desenvolvimento que mereceram este ano a classificação de “Alto Desenvolvimento Humano”, o Brasil tem o segundo porcentual mais alto de população dentro da faixa da pobreza humana. Apenas Ilhas Maurício tem um índice maior, de 11,4%. Na vizinha Argentina, são apenas 4%. No Chile, 3,7%. No Uruguai, 3,5% e no México, 6,8%.
A situação brasileira piora ainda mais quando o estudo retira a renda do Índice de Pobreza Humana. Da 23ª colocação, entre 108 países em desenvolvimento, cairia para o 29° lugar. A tradução disso é que os brasileiros são mais pobres em qualidade de vida do que em renda.
Casas sem saneamento, baixo acesso a escolas e a postos de saúde, falta de luz e analfabetismo contribuem para o resultado ruim. Os brasileiros pobres compram comida e eletrodomésticos, mas não conseguem aquilo que o Estado deveria prover.
Fonte: O Estado de S. Paulo

Nenhum comentário: