sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Marcha aos direitos dos trabalhadores

Antonio Carlos dos Reis “Salim” *
O ditado popular “a união faz a força” é o que mais retrata a incansável busca dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. É sabido que a possibilidade de ser ouvido aumenta consideravelmente quando as reivindicações são feitas por um grupo de pessoas e não por apenas uma. A IV Marcha da Classe Trabalhadora realizada em Brasília, no último dia 5, teve justamente esse objetivo: o de levar aos nossos governantes quais são as atuais necessidades da massa de cidadãos que exercem atividade profissional.
Com esta manifestação, os representantes sindicais reafirmam a unidade de ação construída ao longo dos anos, em diversas lutas, sobretudo nas últimas marchas, centradas nas questões do salário mínimo e pelo desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho. Nessas caminhadas as centrais conseguiram trazer para o debate nacional reivindicações históricas do movimento sindical brasileiro.
Declarações públicas como esta, com a parceria das centrais sindicais e dos trabalhadores, são muito importantes para a conquista dos direitos e necessidades desses profissionais. Dessa forma, lutamos para que as autoridades políticas reconheçam o trabalho que eles desempenham em cada uma de suas atividades.
Esta última foi a maior marcha realizada. A presença de 40 mil trabalhadores comprovou a credibilidade e seriedade desse movimento que temos realizado, junto às principais centrais sindicais do País, há quatro anos. Em 2007, as reivindicações foram por mais empregos, redução da jornada de trabalho, combate às terceirizações, fortalecimento da Previdência, além da ampliação das políticas públicas. Durante a caminhada rumo à Esplanada dos Ministérios, gigantescos balões, centenas de faixas e bandeiras eram agitadas pela multidão, exigindo também mais investimentos na educação e qualificação para o trabalhador, saúde pública gratuita e de qualidade.
Dentre todos os temas apresentados para serem discutidos, a redução da jornada de trabalho é, sem dúvida, um dos que precisam ser estudados com mais urgência. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais criaria mais de 2 milhões de empregos. Se a redução for acompanhada do fim das horas-extras, serão mais 1,2 milhão. Com mais pessoas trabalhando e mais salários pagos, o consumo tende a aumentar.
Dados também mostram que, em 2005, o custo horário no Brasil da mão-de-obra ligada à produção manufatureira foi um dos menores do mundo: US$ 4,1, contra US$ 13,6 da Coréia do Sul, US$ 17,8 da Espanha, e US$ 33 da Alemanha. A justificativa de que a redução da jornada geraria custos maiores para as empresas não é verdade. Pois, hoje, os gastos da folha de pagamento para os empregadores ficam em torno de 22%; a redução levaria este valor para 23,99%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu as reivindicações das centrais sindicais e está analisando quais medidas podem ser tomadas. Em relação a redução na jornada de trabalho, o presidente solicitou que as representações sindicais pressionassem o Congresso Nacional para que o projeto seja validado. Para conseguir atenção do Congresso é necessário o recolhimento de 1 milhão de assinaturas. E garanto que se é isso que o presidente quer, atingiremos facilmente. As centrais estão unidas para favorecer a geração de emprego com essa nova medida.
Assim como influenciamos no aumento do salário mínimo, além do que estava previsto, com a marcha do ano anterior, estamos otimistas em obter a redução na jornada de trabalho para gerar mais emprego. Com mais essa conquista, as centrais estarão fortalecidas para novas reivindicações em 2008.
* Presidente do sindicato dos eletricitários de São Paulo (Stieesp) e da Federaluz, e vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)

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