terça-feira, 4 de março de 2008

Modernização industrial e emprego

A história nos informa que, no século 19, operários europeus destruíam as máquinas, pois consideravam que elas concorriam com eles, reduzindo a necessidade de mão-de-obra. Hoje, no Brasil, verifica-se que o grande esforço de modernização da indústria, longe de reduzir a oferta de empregos, está contribuindo para aumentá-la.

Isso é o que diz uma pesquisa do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Segundo o economista Sérgio Gomes de Almeida, consultor da organização, em 2004, período de forte aumento da produção industrial, cada ponto porcentual desse aumento exigiu a contratação de 59,4 mil novos funcionários; no ano passado, a mesma taxa de crescimento estimulou 65,8 mil novas contratações.

A diferença pode surpreender, partindo-se do pressuposto de que os equipamentos adquiridos em 2007 são mais modernos do que os de 2004, e o crescimento das importações foi sensivelmente igual nos dois períodos (21,2% em 2004, 19,6% no ano passado).

Poder-se-ia considerar, ainda, que as máquinas de 2007, compradas, em parte, na China, não seriam tão modernas quanto as de 2004, ano em que nosso comércio com a China era muito menor. Acresce que as máquinas de 2007 tiveram origem num país onde não existe preocupação em economizar mão-de-obra, cuja remuneração é muito baixa. São hipóteses a ser descartadas, pois as empresas brasileiras procuraram equipamentos os mais eficientes, suscetíveis de elevar a produtividade.

O que parece mais provável é que, em 2007, as indústrias estiveram mais empenhadas do que em 2004 em elevar o rendimento das máquinas recém-adquiridas e contrataram mão-de-obra para maximizar o uso dos equipamentos, aumentando o número de turnos de trabalho.
De fato, registra-se que as horas pagas aumentaram mais do que no passado e que a utilização da capacidade instalada cresceu menos do que em 2004. Paralelamente, o consumo de novas máquinas aumentou mais do que em 2004.

Essa é uma evolução positiva. Indica a preocupação das indústrias de tirar o máximo proveito das novas máquinas e até de considerar os empregados como sócios da modernização, o que aumenta os postos de trabalho, caso da opção por três turnos de trabalho.

Isso mostra a necessidade das empresas de, num mundo globalizado, aumentar muito a produtividade.

O Estado de S. Paulo

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