quarta-feira, 9 de abril de 2008

Emprego cresce 3% no bimestre

INDÚSTRIA Setores com alta produtividade foram os que mais contribuíram para abertura de postos de trabalho em fevereiro. Número de horas pagas aumentou 3,7% no período

Num país onde aumento de produtividade nas fábricas já foi sinônimo de demissões, é animador conferir que o atual ciclo de crescimento industrial vem acompanhado de mais postos de trabalho e aumento na folha de pagamentos. Os números divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam crescimento de 3,2% nos postos em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado, e confirmam que produção e empregos crescem juntos há 20 meses consecutivos, nesse tipo de comparação.

A alta de 0,6% no mês praticamente compensou os recuos de 0,4% e 0,3% em dezembro e janeiro. Além disso, o índice mensal é o maior desde agosto de 2004, quando cresceu 0,7%. No primeiro bimestre de 2008, a ampliação média de vagas na indústria chega a 3%, a mais elevada desde 2005.

“São resultados amplamente positivos”, afirma o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo. Ele ressalta que o desempenho dos primeiros dois meses do ano mostra um ritmo mais forte do emprego na indústria, uma vez que o aumento médio da ocupação nas fábricas foi de 2,2% no ano passado. Vale lembrar que a produção industrial como um todo cresceu 9,2% no primeiro bimestre.

Não surpreende serem exatamente os setores com melhores resultados na produção aqueles que mais contribuem para ampliação dos postos de trabalho. Máquinas e equipamentos (14,1%), meios de transporte, especialmente automóveis (10,7%), alimentos e bebidas (4%) e aparelhos eletrônicos e de comunicações (12,9%). Mesmo sem ter a maior variação, o setor de alimentos e bebidas é o maior empregador da indústria brasileira e contribuiu para o forte desempenho de fevereiro.

Ainda na comparação com o ano anterior, o número de horas pagas na indústria também cresce há 20 meses consecutivos, tendo registrado alta de 3,7% em fevereiro, sobre fevereiro de 2007. Tomando-se o acumulado dos 12 meses anteriores, o cenário é igualmente de aceleração, pois a taxa anualizada de fevereiro, 2,1%, é mais forte que a de janeiro, 1,9%.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), eis aí um bom sinal para o futuro próximo. “O fato de que o número de horas pagas na indústria tenha aumentado 3,7% — taxa que supera os 3,2% do emprego industrial — é indicativo de que possivelmente nos próximos meses a taxa de crescimento do efetivo no setor seja maior. O emprego na indústria cresce bem neste início de 2008, com tendência de alta”, avalia o Iedi.

A folha de pagamento real avança há ainda mais tempo. O aumento médio de 4,4% em fevereiro (sobre o mesmo mês de 2007) é o 23º seguido nessa comparação — e foi influenciado pelo incremento em 12 de 14 locais pesquisados pelo IBGE. A folha de pagamento cresceu 5,3% no primeiro bimestre e acumula nos 12 meses terminados em fevereiro alta de 5,5%. Para André Macedo, do IBGE, o comportamento da folha “reflete o aumento do emprego e a recuperação da renda dos trabalhadores em conseqüência de negociações salariais bem-sucedidas”.

Correio Braziliense

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