segunda-feira, 9 de junho de 2008

Desafio do emprego

Beto Cury

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimulou a discussão de um problema que aflige a juventude em todo o mundo e, em especial, no Brasil: o desemprego, que atinge hoje 46,6% dos brasileiros de 15 a 24 anos. Por outro lado, dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apontam que de 2003 a 2007 os jovens ocuparam 90% das mais de seis milhões de novas vagas criadas pelo mercado de trabalho.

Mesmo que esses dados pareçam antagônicos, na realidade eles se complementam e mostram a relação que existe entre os jovens e o mercado de trabalho. Os números do Ipea deixam claro que o problema é grave e requer atenção dos agentes públicos, enquanto os números do Caged apontam que há uma demanda pela mão-de-obra jovem, que precisa ser preparada para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo.

O grande problema é que a maioria dos nossos jovens não tem condições de responder a essas exigências. Dados da PNAD revelam que o Brasil tem 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, dos quais 4,5 milhões se encontram fora da escola, sem ensino fundamental e estão desempregados.

A pesquisa reforça a necessidade de políticas que integrem formação escolar, capacitação profissional e criação de oportunidades. Para enfrentar esse desafio temos trabalhado na criação e consolidação de programas para a juventude, como o ProJovem Integrado, que busca resgatar uma parcela que vive em extrema vulnerabilidade social para qualificá-la e possibilitar sua inserção no mercado de trabalho.

É importante ressaltar que o tema entrou recentemente na agenda das políticas públicas. A Política Nacional de Juventude foi instituída há apenas três anos, quando foram criadas a Secretaria e o Conselho Nacional de Juventude. Uma das metas é justamente consolidar espaços em estados e municípios para que possamos concretizar uma política juvenil em nível nacional.

Também é imprescindível constituir um marco legal para transformar a política de juventude em uma política de Estado. Nesse sentido, é importante que o Congresso aprove a proposta de emenda constitucional 138 - conhecida como PEC da Juventude - e o Plano Nacional de Juventude, um conjunto de metas a serem alcançadas pelo país nos próximos dez anos.

É essencial ainda fortalecer a participação dos jovens na construção das políticas públicas. Já temos o Conselho Nacional de Juventude, com 2/3 da sociedade civil e, recentemente, demos um passo importante com a realização da I Conferência Nacional de Juventude, que mobilizou 400 mil pessoas em todo o país e contou com cerca de 2 mil delegados.

Acredito que consolidando essas ações teremos condições de implantar uma Política de Estado de Juventude capaz de superar problemas seculares, como o desemprego e o analfabetismo entre os jovens, e de permitir que o jovem seja protagonista no processo de desenvolvimento do país.

BETO CURY é secretário nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República.

Correio Braziliense

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