terça-feira, 1 de julho de 2008

Greve de servidor responde por 82% das horas paradas

Das 316 paralisações no país em 2007, metade ocorreu no setor público, diz estudo do Dieese; maior parte é por reajuste salarial.De acordo com o instituto, falta de negociação do funcionalismo com o governo e estabilidade no emprego explicam resultado

Mais da metade das 316 greves realizadas no ano passado no país ocorreu no setor público. Os servidores foram responsáveis por 82% das 28,5 mil horas paradas, segundo levantamento divulgado ontem em São Paulo pelo Dieese.O que explica a concentração de greves nesse setor ainda é a falta de negociação entre os governos federal, estadual e municipal e o funcionalismo público, além da estabilidade no emprego. As paralisações envolveram diversas categorias e tiveram longa duração.

O crescimento da economia e a busca por melhores salários fizeram com que o número total de paralisações crescesse 4,7% entre 2004 -ano em que o departamento iniciou o estudo "Balanço das Greves"- e 2007, apontam os técnicos do Dieese. Há quatro anos, os brasileiros foram responsáveis por 302 paralisações. Em 2005, aconteceram 299 greves no país. Em 2006, foram 320.

As greves no setor público -realizadas no funcionalismo e nas empresas estatais- diminuíram em número de paralisações (185 em 2004 para 161 em 2007) e de grevistas envolvidos (826,1 mil para 713,2 mil manifestantes). Em sua maior parte, ocorreram na região Nordeste, principalmente em Alagoas, na Bahia e no Piauí.As paralisações que mais se destacaram no setor público foram a dos professores e funcionários da rede estadual de ensino do Rio (com a adesão de 72 mil pessoas) e a dos empregados das universidades federais do país (com 94 mil grevistas).

No setor privado, por sua vez, as paralisações aumentaram entre 2004 e 2007 em número de greves (de 114 para 149, o que representa incremento de 31%). A maior parte se concentra na região Sudeste.

As greves na indústria, no setor de serviços e na área rural também registraram aumento significativo na participação de grevistas envolvidos. Eram 249,2 mil em 2004 e passaram para 641,8 mil em 2007, o que representa um crescimento de 157%, segundo mostra o levantamento do Dieese.

"A economia melhora, as empresas lucram mais e o trabalhador quer colocar no bolso o resultado desse crescimento. Como o emprego está protegido pelo crescimento do país, a luta é por mais salário", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do departamento.

Entre as paralisações de maior destaque no setor privado, o Dieese cita uma greve nacional de metalúrgicos, com 170 mil trabalhadores, e outra realizada em São Paulo, com 190 mil manifestantes.

Das 149 paralisações que ocorreram no ano passado no setor privado, 26,3% foram na indústria, 19,65 no setor de serviços e 1,3% na área rural.

Motivações
Na lista das principais reivindicações que motivaram as greves em 2007, o reajuste salarial responde por 48,7%. Entre os 18 motivos citados, os que ocupam as primeiras posições do ranking se referem a questões salariais -além do reajuste, foram citados plano de cargos e salários, auxílio-alimentação, piso salarial e participação nos lucros e resultados.

"As mobilizações têm sido mais propositivas, no sentido de sugerir a introdução de novas conquistas ou a melhora das condições em vigência, do que defensivas, como as que se colocam contra o descumprimento de direitos ou pela manutenção das garantias já existentes", afirma Ganz Lúcio. O estudo destaca que, em 61,4% das greves de que se teve informação sobre o resultado (145), as reivindicações foram total ou parcialmente atendidas.

Folha de S.Paulo

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