Camila Santos
Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado ontem (12), 88% das 706 negociações salariais registradas no SAS-DIEESE conseguiram repor a inflação dos 12 meses anteriores à data-base. Além disso, 78% das negociações garantiram reajustes superiores à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, normalmente utilizado como parâmetro nas negociações.
O recuo no total de categorias que, em 2008, obtiveram reajustes superiores à inflação, está relacionado a aceleração inflacionária ocorrida no período, pois quanto mais alta a inflação maiores as dificuldades para negociar aumentos para os salários. O resultado do estudo também é explicado pelo crescimento econômico ocorrido no ano (o PIB - Produto Interno Bruto - apesar da retração ocorrida no último trimestre, apresentou crescimento de 5,1%), à queda nas taxas de desemprego e ao poder de mobilização da ação sindical.
Esses resultados ainda não manifestam possíveis impactos da crise global sobre os reajustes salariais. Contudo, para o ano de 2009 as expectativas são de negociações salariais mais duras e difíceis, especialmente para os trabalhadores de segmentos industriais voltados para o mercado externo. O que deverá minimizar o impacto nos salários é o comportamento da inflação, que deverá ficar abaixo da meta fixada pelo governo (4,5%).
Como explica o coordenador da pesquisa, Paulo Picchetti, ao jornal O Globo, "não vamos ter uma queda muito grande nos resultados das negociações salariais em 2009. Mas tudo indica que o ajuste (imposto pela crise) se dará pela redução do emprego, e não pela diminuição dos custos".
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