Renata Zago
Na audiência pública realizada na manhã de hoje, presidida pela deputada Manuelad'Ávila (PCdoB), dirigentes da Embraer, sindicalistas, representantes do Ministério Público e deputados federais discutiram as 4.270 demissões de 19 de fevereiro. Iniciada às 10h30, no plenário 12, a reunião terminou às 14h.
Para o secretário do Ministério do Trabalho, André Grandizoli, a empresa tem que voltar atrás e negociar com o sindicato, mas se nada acontecer, o governo federal vai estudar uma forma de contemplar os funcionaários com o seguro-desemprego. Já o vice-presidente da empresa, Horácio Forjas, afirmou: "A crise vem de fora e exige uma série de medidas para nos protegermos. É uma luta pela sobrevivência. Empresas menores estão falindo. A Eclipse, nossa principal concorrente na aviação executiva, anunciou falência há duas semanas".
Segundo o presidente do Sindaeroespacial/SP, Edmilson Rogério de Oliveira, as demissões foram feitas na semana anterior ao Carnaval, a empresa foi cercada por seguranças, os nomes dos demitidos foram lidos em voz alta, escoltados pela porta dos fundos e retirados em ônibus. "Em uma situação de crise, a empresa preferiu demitir em massa, cortando custos futuros, em vez de apostar na ampliação do seu negócio", disse o procurador, que representa o Ministério Público do Trabalho de São José dos Campos (SP).
O representante da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), José Maria Almeida, denunciou durante a audiência que a Embraer possui ações na Bolsa de Valores de Nova York e precisava mostrar aumento nos lucros para os acionistas estrangeiros que são donos de 70% da empresa. "Eles não estão preocupados em produzir aviões, mas em obter lucro rápido", lembrou, "só que esse percentual é irregular, pois a legislação permite um capital votante de até 40% de estrangeiros".
Para justificar as demissões, Forjas explicou que as opções sugeridas na audiência (diminuição da jornada de trabalho, férias coletivas, programas de aposentadoria voluntária e a não-renovação de contratos temporários) são viáveis apenas se houver uma retomada do crescimento econômico em curto prazo. A Embraer trabalha com a previsão de crise para os próximos dois ou três anos. "Gostaríamos de ter encontrado outra solução, mas não foi possível. O que está em jogo não são esses 4.270 empregos, mas a preservação dos outros 18 mil empregos que a empresa mantém", disse.
Os deputados Vicentinho (PT-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP) pretendem propor a instalação de uma comissão externa da Câmara para esclarecer as "reais causas" das dispensas anunciadas pela Embraer. Eles também querem apurar a denúncia de controle acionário estrangeiro na empresa.
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