quarta-feira, 25 de março de 2009

Embraer se explica na CTASP

Renata Zago

Na audiência pública realizada na manhã de hoje, presidida pela deputada Manuelad'Ávila (PCdoB), dirigentes da Embraer, sindicalistas, representantes do Ministério Público e deputados federais discutiram as 4.270 demissões de 19 de fevereiro. Iniciada às 10h30, no plenário 12, a reunião terminou às 14h.

Para o secretário do Ministério do Trabalho, André Grandizoli, a empresa tem que voltar atrás e negociar com o sindicato, mas se nada acontecer, o governo federal vai estudar uma forma de contemplar os funcionaários com o seguro-desemprego. Já o vice-presidente da empresa, Horácio Forjas, afirmou: "A crise vem de fora e exige uma série de medidas para nos protegermos. É uma luta pela sobrevivência. Empresas menores estão falindo. A Eclipse, nossa principal concorrente na aviação executiva, anunciou falência há duas semanas".

Segundo o presidente do Sindaeroespacial/SP, Edmilson Rogério de Oliveira, as demissões foram feitas na semana anterior ao Carnaval, a empresa foi cercada por seguranças, os nomes dos demitidos foram lidos em voz alta, escoltados pela porta dos fundos e retirados em ônibus. "Em uma situação de crise, a empresa preferiu demitir em massa, cortando custos futuros, em vez de apostar na ampliação do seu negócio", disse o procurador, que representa o Ministério Público do Trabalho de São José dos Campos (SP).

O representante da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), José Maria Almeida, denunciou durante a audiência que a Embraer possui ações na Bolsa de Valores de Nova York e precisava mostrar aumento nos lucros para os acionistas estrangeiros que são donos de 70% da empresa. "Eles não estão preocupados em produzir aviões, mas em obter lucro rápido", lembrou, "só que esse percentual é irregular, pois a legislação permite um capital votante de até 40% de estrangeiros".

Para justificar as demissões, Forjas explicou que as opções sugeridas na audiência (diminuição da jornada de trabalho, férias coletivas, programas de aposentadoria voluntária e a não-renovação de contratos temporários) são viáveis apenas se houver uma retomada do crescimento econômico em curto prazo. A Embraer trabalha com a previsão de crise para os próximos dois ou três anos. "Gostaríamos de ter encontrado outra solução, mas não foi possível. O que está em jogo não são esses 4.270 empregos, mas a preservação dos outros 18 mil empregos que a empresa mantém", disse.

Os deputados Vicentinho (PT-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP) pretendem propor a instalação de uma comissão externa da Câmara para esclarecer as "reais causas" das dispensas anunciadas pela Embraer. Eles também querem apurar a denúncia de controle acionário estrangeiro na empresa.

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