Agência France-Presse (AFP)
GENEBRA, Suíça — O Comitê sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU pediu ao Brasil uma ação para acabar com as desigualdades raciais e de gênero no mercado de trabalho, após dois dias de debate em Genebra.
A possibilidade de conseguir um posto de trabalho é muito menor se você é negro ou mulher, e os salários também são menores pelas mesmas razões", denunciou o francês Philippe Texier, depois de ouvir o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, que apresentou um relatório do governo brasileiro a respeito da situação nos mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo dados do Comitê, responsável por vigiar o respeito ao Pacto de Direitos Econômicos Sociais e Culturais da ONU por meio de análises periódicas dos Estados membros, dos 190 milhões de habitantes do Brasil, 49,8% são negros.
"As crianças deveriam ir para escola, ao invés de trabalhar. Também persiste o trabalho forçado ou escravo", acrescentou Texier, que disse ter feito as conclusões a partir do próprio relatório do governo brasileiro e de documentos de ONGs, 13 delas presentes nas sessões de Genebra.
A delegação do Brasil admitiu que a taxa de desemprego dos negros é maior que a dos brancos, e que o desnível também é verificado nas estatísticas do trabalho informal, e entre diferentes regiõse, mas destacou que o problema está sendo solucionado lentamente.
O colombiano Alvaro Tirado Mejia criticou a construção de um muro no Rio de Janeiro para separar 11 favelas dos demais bairros da cidade, ao que o ministro Vannuchi respondeu que esta não é uma obra federal e sim do governo estadual.
Como conclusão das deliberações com o governo Lula, o Comitê pretende divulgar um comunicado com recomendações no dia 22 de maio.
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