quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Micro e pequenas criaram 48% dos empregos

Eliane Oliveira
Entre 2001 e 2005, segmento abriu 2,2 milhões de vagas formais urbanas, segundo pesquisa do Sebrae
Uma pesquisa inédita do Sebrae dá nova dimensão ao peso das micro e pequenas empresas na formação do mercado de trabalho brasileiro. Pelo levantamento, as duas categorias foram responsáveis por 48% dos empregos formais urbanos criados no país entre 2001 e 2005. Ao longo desse período, foram abertos 2,2 milhões de postos nesse segmento, uma média de 550 mil por ano, e as mulheres abocanharam o maior número de vagas. Duas boas notícias acompanham a constatação: melhorou a escolaridade dos funcionários contratados, e as capitais não monopolizam mais as novas oportunidades.
A participação das firmas de menor porte é maciça na economia: entre 2001 e 2005, representaram 97,5% do conjunto de estabelecimentos formais brasileiros, com 52% dos empregos do país. O número de pessoas ocupadas nas microempresas cresceu a um ritmo de 4,4% ao ano. Nas pequenas, o ritmo foi de 5,4%, igualando-se à média nacional.
Os pesquisadores destacaram que o nível de escolaridade evoluiu significativamente entre as micro e pequenas empresas. Em 2001, por exemplo, 13.023 empregados de pequenos estabelecimentos comerciais eram analfabetos. O número baixou para 5.187, uma redução de 60%. Mais expressiva é a taxa de crescimento do número de trabalhadores com segundo grau completo: de 498.236 para 925.676, um aumento de 85%.
Os funcionários de microempresas com curso superior que atuavam no setor de serviços em 2001 somavam 56.957, passando para 81.309 em 2005 (alta de 42,7%). Na construção civil, o total de analfabetos contratados por microempresas caiu 35%, de 6.684 para 4.316.
- As empresas estão investindo substantivamente na qualificação dos empregados - disse Pio Cortizo, gerente de gestão estratégica do Sebrae.
Dados mostram interiorização dos negócios
A microempresária Isabel dos Santos concorda. Há 15 anos atuando no segmento de móveis planejados em Alto Paraíso (GO), nem sempre exige conhecimento técnico, mas se preocupa com a escolaridade. O funcionário, ao ser contratado, passa por uma reciclagem, com cursos de especialização. Isabel tem atualmente nove empregados:
- Para sermos competitivos, precisamos de gente treinada, com melhor escolaridade.
O pequeno empresário Flávio Augusto Machado, dono de uma escola de música em Brasília, reforça essa preocupação. Dá preferência a professores especializados e estimula a reciclagem.
- Todos querem ter uma formação melhor - disse.
A pesquisa do Sebrae aponta ainda uma interiorização do pequeno negócio, especialmente no caso das microempresas (até nove funcionários em comércio e serviços e até 19 na construção e na indústria): o número de empregados cresceu 38% no interior, enquanto recuou 6% nas capitais. Nas pequenas empresas, a alta foi de 27% nas capitais e de 21% no interior.
Emprego cresceu mais entre as mulheres
De forma geral, o mercado de trabalho (capital e interior) registrou expansão de 23%.
Há nove anos com uma empresa de tecnologia da informação e criação de software de gestão empresarial para o agronegócio em Rio Verde (GO), Carlos Antônio Barbosa ressalta que, com a globalização e o avanço tecnológico, não importa onde fica a sede de uma firma com essa característica na prestação dos serviços:
- Muitos empresários vêm para o interior atraídos pela melhor qualidade de vida e pelos baixos custos, como os de transporte e alimentação.
O emprego cresceu mais entre as mulheres (23,5%) do que entre os homens (16%) nas microempresas. O mesmo se repetiu nas pequenas empresas, com alta de 28,7% para as mulheres e de 20,5% para os homens, segundo o Sebrae.
Fonte: O Globo

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