Mariana Flores
Depois dos funcionários, que não trabalham há mais de dois meses, agora são os docentes que ameaçam greve. Eles fazem assembléia amanhã e decidem sobre a paralisação que pode inviabilizar o semestre
Funcionários de universidades, como da UnB, estão parados há 70 dias, impedindo o início das aulas e de outras atividades
Com o início das aulas adiado em função da greve dos funcionários da área administrativa, o semestre letivo dos alunos da Universidade de Brasília (UnB) pode ficar ainda mais comprometido por uma outra paralisação. Os professores da universidade farão uma assembléia amanhã para decidir se param as atividades para forçar o governo a atender as reivindicações da categoria. Se decidirem cruzar os braços até mesmo o que ainda está em funcionamento — como o acompanhamento a alunos que fazem iniciação científica — pode parar de vez, segundo a Associação dos Docentes da UnB (Adunb).
As aulas, que deveriam ter começado ontem, foram adiadas porque os técnicos-administrativos, em greve desde 28 de maio, não cadastraram os dados dos universitários relativos ao primeiro semestre, o que comprometeu a realização das matrículas. Além disso, não foi realizada a segunda chamada do vestibular e estão fechados os protocolos, restaurante universitário e biblioteca.
Os docentes vão decidir amanhã o posicionamento dos profissionais de Brasília, que será levado para a reunião nacional dos professores das universidades federais, marcada para o dia 25 de agosto. A orientação do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) é que os professores façam greve. “Estamos em um momento crítico, se não tiver nenhuma mobilização agora não teremos reajuste nem neste ano e nem no próximo ano”, afirma o presidente do sindicato, Paulo Rizzo. Segundo ele, apenas uma proposta do governo poderá evitar o protesto. Na próxima quinta-feira os docentes se reúnem com representantes do Ministério do Planejamento para discutir a pauta de reivindicação.
A categoria pede a incorporação das gratificações e um reajuste na remuneração total que pode chegar a 100% dos valores atuais. Atualmente o salário inicial varia de R$ 1,4 mil para os professores com graduação com dedicação de 20 horas a R$ 5 mil, valor pago aos doutores com dedicação exclusiva, segundo Rizzo. Até o dia 25 os cerca de 50 mil docentes ativos das 56 universidades federais votarão os indicativos de greve. A última paralisação da categoria foi em 2005, quando conquistaram um reajuste médio de 20% que começou a valer no ano passado. Os professores criticam ainda a reforma universitária do governo federal. “O governo quer aumentar o número de alunos sem aumentar a infra-estrutura e o número de professores”, afirma a vice-presidente da Adunb, Graciela Carvalho.
Técnicos Os técnicos-administrativos,em greve há mais de 70 dias, reivindicam reajustes salariais que chegam a 62%. O piso dos servidores de nível superior é de R$ 1,4 mil. Eles cobram aumento para R$ 2,3 mil. Hoje à noite a categoria tem reunião com o Ministério do Planejamento, mas os trabalhadores ameaçam radicalizar, caso não saia uma proposta, segundo o coordenador-geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), João Paulo Ribeiro.
Fonte: Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário