quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Fusão de bancos é polêmica

A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público realizou audiência pública, hoje (27), para discutir o impacto econômico da fusão dos bancos Barclays e ABN Amro. O acordo de fusão foi assinado em 23 de abril deste ano. A audiência foi proposta pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), que iniciou a solenidade criticando a ausência de representantes do banco Santander, comprador da fusão. O banco justificou a falta dizendo que esperaria o fechamento do acordo de fusão. "Entendemos que as discussões devem acontecer enquanto as negociações estão em curso, no sentido de serem tomadas algumas medidas de proteção ao trabalhador", explicou Daniel.
Essa é uma das maiores fusões do mundo. Os dois bancos anunciaram que o fato provocará a demissão de 12.800 bancários, enquanto outros 10.800 cargos serão terceirizados. No Brasil, o efeito seria pior, devido à ausência de legislação que proteja os trabalhadores do sistema financeiro nesse caso. Com a nova mudança, eles estão apreensivos com o futuro. "As conseqüências da fusão são totalmente negativas não só para o trabalhador como para a sociedade em geral. Não é possível que bancos estrangeiros venham ao nosso país e não tenham nenhuma contrapartida no sentido da responsabilidade social, de garantir o trabalho digno para o trabalhador brasileiro e inclusive aumentar o número de postos de trabalho que tanto o país precisa", desabafou Rita Berlofa, representante do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
"Estamos passando por uma recolonização. As empresas estrangeiras se aportam aqui e os dividendos, excessos de produção, riquezas se remetem de novo para a casa matriz", destacou Miguel Pereira, Diretor executivo da CONTRAF-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). "Essa discussão que os bancos estrangeiros entrariam no país para estimular a concorrência é falácia. Todos eles praticam as mesmas taxas, ou mais altas, especulam do mesmo jeito, compram títulos públicos do mesmo jeito. Enquanto poderiam captar recursos a custos baixíssimos no exterior e trazer para o mercado interno. Aí sim efetivariam disputas e concorrência. Isso não aconteceu porque eles entraram no jogo de ganhar dinheiro fácil", completou Miguel.
Já o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) propôs a criação de um grande movimento para pressionar o Banco Central a buscar medidas de proteção ao emprego no caso da fusão e discutir a concentração no sistema financeiro nacional.
Reuniões e audiências em Brasília se integram aos protestos que os trabalhadores vão realizar em todo país, numa jornada de luta pela manutenção do emprego. "Estamos acertando encontro com o banco Santander para negociar um acordo de proteção aos trabalhadores. Gostaríamos da presença de representantes da Comissão de Trabalho e da CUT", anunciou Luiz Antônio Medeiros, representante do Ministério do Trabalho.
O Presidente da Comissão , Deputado Nelson Marquezelli reafirmou as suas denúncias sobre o processo de privatização do Banespa e distribuiu documentos que demonstram o alto prejuízo dos funcionários aposentados do Banespa , que amargam 7 anos de atraso no pagamento de suas aposentadorias e pensões e decidiu pela constituição de uma subcomissão para avaliar todos os processos de fusão bancária , em especial a compra do Banespa pelo Santander.

Nenhum comentário: