segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Conforme a origem

Mariana Flores
Brasília é o reflexo da desigualdade do país: o mercado de trabalho trata de formas diferentes os migrantes de cada região. Sulistas têm mais emprego e salário, nordestinos, menor renda e nortistas, mais desemprego
O mercado de trabalho brasiliense trata os candidatos com diferenças de acordo com a região de origem. Os tipos de ocupação, os salários pagos e as taxas de desemprego variam conforme de onde vêm. Quase a metade dos migrantes que nasceram no Sul estão na administração pública. Já os nordestinos são os que mais ocupam empregos domésticos. Todos os migrantes estão muito presentes no setor de serviços.
A escolaridade distinta de acordo com a região explica as variações nas ocupações e nos salários recebidos. Os nascidos na região Sul acumulam o maior tempo de estudo, são os que ganham mais e que menos sofrem com o desemprego. Quem veio dos três estados da região ganha, em média, mais que o triplo do que quem veio do Nordeste do país, segundo estudo feito a pedido do Correio pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego. Os sulistas à procura de vaga são quase a metade, percentualmente, do que os da região Norte.
Os migrantes representam 63% da força de trabalho atuante no Distrito Federal. É a segunda unidade da federação com maior poder de atratividade, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O DF fica atrás apenas de Roraima. Mas o perfil das pessoas que desembarcam em Brasília em geral se diferencia dependendo da origem. “Em geral, quem vem do Sul e Sudeste vem para cargos da administração pública ou para trabalhar no setor privado, mas com emprego já certo e geralmente com escolaridade alta. Quem vem do Nordeste normalmente vem para estudar ou atrás de oportunidade de trabalho. As pessoas do Norte e do Centro-Oeste ficam no meio termo”, analisa o coordenador do estudo, Antônio Ibarra.
Os migrantes somam atualmente 791,9 mil trabalhadores, mais da metade vindas do Nordeste e 26% do Sudeste. Um quinto dos nortistas sofre com o desemprego. Na média geral, o desemprego é de 13,1%: são 103,8 mil pessoas não nascidas em Brasília à procura de uma vaga. Quase 95% moram fora do Plano Piloto. Os que não conseguiram emprego, na média, têm menor escolaridade que os empregados.
Fonte: Correio Braziliense

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