sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Desemprego cai para 8%

IBGE registra o menor índice do mês de outubro desde 2002, quando a atual série de pesquisas foi iniciada. Taxa deve diminuir mais
Reflexo do aquecimento da economia neste segundo semestre e do aumento do consumo interno, a taxa de desemprego caiu para 8,7% em outubro, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — em setembro havia sido de 9%. O índice é o menor para um mês de outubro e o terceiro mais baixo desde 2002, quando a série foi iniciada. O levantamento detectou aumento da formalidade e do rendimento médio real dos trabalhadores.
Cimar Azeredo, gerente da pesquisa, disse que, em 2007, a taxa de desemprego deverá atingir o menor nível anual. “É o esperado. Em novembro e dezembro deverá cair ainda mais”, explicou. Segundo ele, a queda ainda não é resultado das contratações temporárias, que acontecem tradicionalmente sempre nos fins de ano para reforçar as vendas, principalmente, no comércio. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, comemorou o recuo no nível de desemprego e disse aguardar índices mais baixos. “Vai ter uma queda significativa. Teremos as taxas mais baixas da história”, afirmou. A previsão de Lupi é que o nível de desemprego encerre 2007 em torno de 8%.
Em comparação a outubro de 2006, o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 6,8%, o que corresponde a mais 584 mil trabalhadores registrados. A população ocupada nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE — Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre — somou 21,3 milhões no mês. A oferta de novas vagas com carteira assinada está ocorrendo no setor de serviços e na indústria. A taxa média de desemprego apurada de janeiro a outubro de 2007 foi de 9,6% — a menor desde o início da série histórica do IBGE. No ano passado, nesse período, havia sido de 10,2%.
Leonardo Pereira Costa, de 17 anos, soube aproveitar as oportunidades. O rapaz cumpre dupla jornada de trabalho. No primeiro emprego, recebe R$ 350 como office-boy. No outro, onde é estagiário, tem rendimento mensal de R$ 414. “O que eu ganho dá para o básico. Para viver melhor, tinha de ganhar um pouco melhor”, explicou o jovem que mora no Novo Gama (GO), cidade distante 45 km de Brasília.
Renda
Um alento para Leonardo e outros tantos trabalhadores no Brasil que sonham em ganhar um salário maior talvez esteja na própria pesquisa do IBGE: o rendimento médio real em outubro (R$ 1.123,60) cresceu 0,5%, na comparação com setembro, e 1,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Apesar disso, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) alertou em seu relatório: “Onde há uma regressão é no rendimento real da população ocupada, que vem afetando adversamente a evolução da massa real de rendimento, essa a base sobre a qual repousa o poder de consumo da população, assim como o que delimita a capacidade de seu endividamento”.
Para o professor do departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), Jorge Pinho, a melhora no índice de desemprego ainda é tímida. “Temos marcado passo desde a década de 1970. A chave do emprego é o crescimento econômico, que está ocorrendo, mas de forma lenta”, afirmou. De acordo com o especialista, o governo lançou algumas medidas que impulsionaram o setor produtivo, mas advertiu que o país possui uma imensa massa de jovens que todos os anos buscam sem sucesso um lugar no mercado. “Por baixo desse índice do IBGE existe muita coisa. As estatísticas só detectam o que é visível”, completou.
Fonte: Correio Braziliense

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