quinta-feira, 13 de março de 2008

Emprego industrial no país cresce 2,8%

Na esteira dos bons resultados da produção industrial, principalmente das montadoras de automóveis, o emprego na indústria em janeiro subiu 2,8% em relação ao mesmo mês de 2007. A folha de pagamentos real também cresceu 7,2% no mesmo período - a mais intensa elevação em mais de três anos. Em relação ao mês anterior, dezembro, a ocupação registrou queda de 0,4%, a segunda baixa consecutiva seguida, mas o resultado foi considerado pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como estabilidade, já que a taxa é muito próxima de zero e não reflete o bom cenário atual do emprego. É o que revelou ontem a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) de janeiro, divulgada pelo IBGE.

Na comparação com janeiro do ano passado, a alta de 2,8% é explicada por aumentos no nível de ocupação na indústria em 12 dos 14 locais pesquisados e em 11 dos 18 segmentos apurados. Os aumentos no emprego industrial em São Paulo (4,7%), Rio Grande do Sul (2,8%), Minas Gerais (2,7%), e na região Nordeste (2,1%), em janeiro deste ano, ante janeiro do ano passado, exerceram os principais impactos positivos no resultado, segundo o IBGE. No período acumulado de 12 meses até janeiro, a alta no emprego industrial foi de 2,3%, levemente acima da verificada em igual período acumulado do ano passado (2,2%).

O salário pago aos trabalhadores da indústria, com ajuste sazonal, subiu 2,9% em janeiro deste ano, ante dezembro do ano passado. Segundo o IBGE, na comparação com janeiro de 2007, a folha de pagamento real cresceu 7,2%, a 22ª taxa positiva consecutiva e maior resultado desde dezembro de 2004 (10,7%). Para esse resultado, houve a contribuição positiva, no desempenho da folha de pagamento, em treze dos quatorze locais pesquisados, com destaque para o aumento da folha de pagamento em São Paulo (9,7%) em janeiro, ante janeiro do ano passado.

Na análise por segmentos, o valor da folha de pagamento real aumentou em treze dos 13 setores pesquisados, em janeiro deste ano, ante igual mês do ano passado. As principais contribuições positivas vieram das altas em meios de transporte (14,3%), produtos químicos (25,3%), produtos de metal (14,9%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (12,0%).

O emprego está respondendo a esse aquecimento na atividade da indústria», afirmou a economista do instituto, Isabela Pereira Nunes. O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, é mais cauteloso. «Essa queda de 0,4% em janeiro, ante dezembro, não combina com a boa expansão da atividade industrial que ocorreu no primeiro mês do ano», afirmou.

Para ele, essa taxa negativa foi influenciada por quedas na ocupação em setores intensivos em mão-de-obra, como calçados (-10,3%); madeira (-8,1%) e vestuário (-3,3%), de dezembro para janeiro. Para Almeida, estes setores estão sendo duramente afetados pela valorização cambial, que estimula a entrada de importados no mercado interno, acirrando a concorrência. «Devemos observar esses segmentos com atenção.»

Porém, a técnica do IBGE lembrou as características históricas de janeiro, um mês que não conta com oferta expressiva de emprego em comparação com os meses de quarto trimestre, por exemplo. «Na prática, se observarmos o patamar de emprego industrial em janeiro, encontra-se muito elevado, semelhante ao de outubro do ano passado, mês com mais oferta de emprego do que janeiro», disse. Para a economista, a queda de 0,4% em relação a dezembro pode ser considerada praticamente uma «estabilidade».

O aumento de 2,8% na ocupação industrial em janeiro deste ano é bem maior do que o de janeiro do ano passado (0,9%), nesse mesmo tipo de comparação. As analistas da consultoria Tendências Ariadne Vitoriano e Cláudia Oshiro também avaliaram como positivos os dados de emprego industrial, na comparação com janeiro de 2007.Em janeiro deste ano, as áreas que apresentaram, no país, as melhores taxas de aumento de emprego industrial, na comparação com janeiro do ano passado, foram máquinas e equipamentos (12,5%); material de transporte (10,8%) e produtos de metal (11,6%).

Hoje em Dia

Nenhum comentário: