terça-feira, 7 de abril de 2009

Audiência pública com presidente do Ipea

Camila Santos

As comissões especiais da crise financeira na área de Sistema Financeiro e Serviços e Emprego realizaram audiência conjunta na qual compareceu o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann.

Na primeira parte do seu discurso Pochmann tratou da natureza da atual crise financeira. Ele explicou que essa crise difere de outras que já ocorreram no mundo, como as de 1929, 1873 por ter características globais, com interfaces financeiras, políticas, sociais, econômicas. Além de apresentar um novo ponto de vista, que é o ambiental. Essa crise sistêmica altera o padrão de financiamento do mundo. Ele acredita que é difícil pensar que o mundo pós- crise irá ter o mesmo financiamento de longo prazo atual. Além disso, a crise acarretou um esgotamento do padrão de produção e consumo, de base material. A economia do "ter", cada vez mais difundida pelo mundo, exige do meio ambiente muito mais do que ele pode suportar, sendo necessário mais dois planetas Terra. Além do que, na atual conjuntura, verifica-se a não- presença da ONU, a escassez de ações de instituições multilaterais.

O presidente do Ipea falou também das implicações da crise no Brasil. A expansão econômica e social que o Brasil vivia desde 2004, segundo explica, sofreu uma "infecção" a partir de outubro 2008. Essa interferência tanto pode ser temporária quanto pode acabar com ganhos de cinco anos do Brasil. Contudo, o instituto não acredita em recessão para o ano de 2009, pois apesar da drástica redução do comércio externo, o Brasil adotou ao longo dos anos uma política de diversificação de parceiros externos, o que minimizou efeitos negativos. Dessa forma o Ipea estima crescimento entre 1,5% e 2,5%, mas esse número que(é bom tirar esse que) não será suficiente para suprir a demanda por empregos. Alguns brasileiros vão poder contar com sistemas de proteção, como o seguro- desemprego, outros, como os mais jovens, que acabam de ingressar no mercado não serão beneficiados.

Por fim, Pochmann falou sobre o sistema financeiro, que no Brasil seguiu a tendência de concentração de bancos e esvaziamento dos bancos públicos. O que implica uma queda de competição, e um grande número de pessoas para poucas agências. Com a crise há escassez e custo mais elevado de crédito. Portanto, o Brasil precisará pensar um modelo de banco que fortaleça e amplie o setor bancário. Finalizando o discurso, Pochmann lembrou que o papel do Ipea é mostrar alternativas, mas quem vai tomar as decisões são os eleitos.

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