quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Criação de emprego bate recorde

O Estado de São Paulo

Em um resultado surpreendente até para o governo, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho registrou em agosto a criação de 242,1 mil postos de trabalho com carteira assinada. O saldo foi recorde para o mês e quase o dobro dos 138,4 mil novos empregos contabilizados em julho.

Foi o também o melhor resultado desde setembro do ano passado, quando a crise mundial entrou em sua fase aguda. Naquele mês, foram criados 282,8 mil empregos formais.

Os dados de agosto reforçaram o otimismo que tomou conta do governo Luiz Inácio Lula da Silva em relação à economia brasileira e do mercado de trabalho, levando o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a avisar que no mês que vem deve rever para cima a projeção de criação de ''mais de um milhão de postos em 2009''.

Ao ser indagado por que não divulgou ontem mesmo a nova estimativa, o ministro respondeu com ironia: ''Time que está vencendo não humilha o adversário''. Para ele, os adversários são os ''pessimistas''.

De janeiro a agosto, o resultado líquido do Caged ficou positivo em 680 mil postos, apesar de em janeiro, quando a crise ainda estava em sua fase mais aguda, terem sido fechadas 101,7 mil vagas.

O bom resultado de agosto foi explicado pela retomada das contratações na indústria e pelo forte desempenho do setor de serviços, embora comércio e construção civil também mereçam destaque. Lupi preferiu apontar para o crescimento generalizado do emprego em diversos setores.

Na segunda-feira, o presidente Lula havia dito que teriam sido criados em torno de 150 mil empregos em agosto - número abaixo da realidade. Lupi explicou que o presidente recebeu dados no dia 7 de setembro, quando ainda não haviam chegado todas as informações. Segundo o ministro, os dados dos grandes empregadores chegam mais tarde e têm importante influência no saldo final.

A surpresa levou o mercado de juros futuros a elevar taxas, avaliando que a retomada da economia tem sido mais vigorosa do que se previa e que isso pode forçar o Banco Central a subir a taxa Selic em 2010.

Do lado do governo, o resultado do Caged reforçou as apostas no crescimento de 1% para a economia neste ano. O economista Marcelo Fiche, assessor especial do ministro da Fazenda, Guido Mantega, lembrou que, em 2003 - o pior ano do atual governo em termos de crescimento da economia, de apenas 0,5% -, foram criados 645 mil empregos formais.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, classificou de ''impressionante'' o resultado de agosto e disse que o número mostra que, efetivamente, o Brasil está saindo da crise. Lupi foi além e reforçou sua projeção, na qual nem seus colegas de governo acreditam, de expansão de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. Para ele, o Brasil em 2010 terá seu melhor ano no governo Lula.

Segundo ele, a criação de empregos formais será recorde, superando a marca de 1,8 milhão de novos postos, e o PIB terá sua maior expansão neste governo. Os recordes de geração de empregos e de crescimento econômico na atual gestão ocorreram em 2007, quando foram criadas 1,6 milhão de vagas, e o PIB cresceu 5,7%.

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