O Globo
O mercado de trabalho no Brasil teve fortes ganhos em 2008. O desemprego chegou ao menor nível em 12 anos, acompanhado por uma expansão do trabalho formal e um aumento no rendimento médio do trabalhador, ainda que a um ritmo menor que nos últimos anos. O cenário foi traçado pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2008, anunciada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desemprego chegou a 7,1% em 2008, bem abaixo dos 8,1% registrados em 2007. Nos dados que excluem a região Norte (e que possuem série histórica iniciada em 1992), o desemprego chegou a 7,2% no ano passado, a menor taxa desde 1996, quando foi de 7%.
Esta é a única taxa nacional de desemprego do país, já que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE coleta dados apenas nas seis maiores regiões metropolitanas. Apesar da queda, no entanto, a taxa ainda é considerada elevada.
- A taxa de desocupação vem caindo nos últimos anos, mas ainda é expressiva - explica o gerente da PME, Cimar Azeredo.
O destaque entre as regiões foi o Sul, que registrou desemprego de 4,9% no ano passado. A taxa é muito mais próxima da registrada por países desenvolvidos em fase de expansão que da média brasileira. Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego em 2006, quando a economia do país ainda estava em crescimento, foi de 4,6%.
Nas demais regiões, a taxa foi de 6,5% (Norte), 7,5% (Nordeste), 7,8% (Sudeste) e 7,5% (Centro-Oeste).
Mais de 2 milhões assinaram a carteira
E a boa notícia é que a melhora foi puxada pelo emprego com carteira de trabalho, com mais qualidade. Em todo o país, 2,113 milhões de empregados passaram a ter registro na carteira de trabalho no setor privado (sem considerar os empregados domésticos), uma alta de 7,1% frente a 2007. Este número pode incluir tanto trabalhadores que estavam desempregados quanto os que trabalhavam por conta própria ou sem carteira, por exemplo.
Ao todo, o Brasil tinha 92,4 milhões de trabalhadores no ano passado, número 2,8% maior do que o de 2007. Destes, 31,881 milhões eram empregados com carteira assinada em 2008 (sem incluir domésticos), o que representava 34,5% do total. Em 2007, esta fatia era de 33,1%.
" A informalidade ainda é alta, mas podemos dizer que 2008 foi o grande momento da carteira assinada "
- A informalidade ainda é alta, mas podemos dizer que 2008 foi o grande momento da carteira assinada - diz Azeredo.
O rendimento médio mensal do trabalhador, no entanto, reduziu seu ritmo de crescimento. A alta foi de 1,7%, para R$ 1.036, após expansões de 3,1% em 2007, frente a 2006, e de 7,2% em 2006, na comparação com 2005.
Além de melhorar a qualidade do trabalho, a expansão do emprego com carteira assinada também favoreceu a contribuição para a Previdência Social. Da população ocupada, 52,1% eram contribuintes da Previdência. O montante total de contribuintes chegou a 48,149 milhões de pessoas, uma alta de 5,9% frente a 2007.
Outra boa notícia do mercado de trabalho veio da escolarização da população ocupada. Em 2008, o contingente de trabalhadores com 11 anos ou mais de estudo cresceu 8,5%, para 38 milhões. A participação deste grupo no total passou de 39% em 2007 para 41,2% em 2008.
- Desde 2003 se vê crescimento do grau de escolaridade da população ocupada - aponta Adriana Araujo Beringuy, economista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Acompanhando a tendência de envelhecimento da população brasileira, a população ocupada também está se tornando mais velha. Em 2008, 18,7% dos trabalhadores tinham 40 anos ou mais, frente a 18% em 2007.
- Houve a reforma da Previdência, que aumentou a idade mínima de aposentadoria, e as pessoas vivem mais e com qualidade de vida. Além disso, as pessoas tendem a ter filhos mais tarde, concentrando gastos maiores, como de universidade, em um período mais tarde de suas vidas. Esses fatores contribuem para que os trabalhadores permaneçam no mercado - explica a gerente da Pnad, Maria Lucia Vieira.
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